Atitudes Que Ajudaram a me Reencontrar Pós-Maternidade

Muito se fala atualmente sobre a baixa concepção entre a geração de jovens adultos, e grande parte das pessoas que não desejam ter filhos decide-se por isso — entre outros motivos — devido a falta de liberdade que um ou mais filhos confere ao responsável. E eu como mãe posso confirmar que esse conceito está correto.

Quando uma criança nasce toda a família precisa se adaptar à uma nova rotina, e a mãe principalmente por ter alta demanda de cuidados com o(s) filho(s) acaba se anulando, perdendo sua autonomia e identidade. Não é algo que acontece do nada, mas de repente você está se olhando no espelho sem se reconhecer, não se trata apenas da sua aparência e do corpo pós-parto que está bem diferente do que conhecia, mas suas prioridades mudam e coisas que antes eram de máxima importância, passam a ter um lugar inferior na sua vida, e você se pergunta quem é essa nova mulher que nasceu junto ao seu filho.

Esse período de auto(re)descoberta é diferente para todas as mulheres, e assim como tudo na maternidade, ele passa, mas saber disso não o torna mais fácil.

Relembrando de como me sentia no puerpério até cerca de seis meses atrás, notei que fiz algumas coisas para me reencontrar e me reconhecer como indivíduo, para não viver com base apenas no título de "mãe do Ravi". E pensando bem, mesmo hoje em que meu filho já tem três anos, ainda estou nesse processo de me enxergar além da maternidade.

Aceitar a Maternidade

Logo que meu filho nasceu eu ficava me perguntando quando as coisas voltariam ao normal, mas elas nunca voltaram, só se adaptaram, e quando percebi que quem eu era não existia mais por completo, passei por um sentimento de luto, mas entendi que eu estava em uma nova fase de vida. Aceitei a maternidade com todas as dificuldades e maravilhosidades que ela traz.

Não é fácil abrir mão do seu tempo, das noites de sono com qualidade, dos seus hobbies e autonomia, mas por se tratar do seu filho, tudo isso é doado de maneira genuína e sem arrependimentos, mas só quem já é mãe (ou pai) entende isso. Aprendi que a maternidade não mata suas ambições e planos futuros, ela apenas os adia. Quando me descobri grávida tranquei a faculdade para dar atenção aos cuidados que meu filho precisava nos primeiros anos de vida, mas voltei a estudar esse ano e termino o curso de marketing em três meses.

Acolher todos os fragmentos do que torna você quem você é, deixa a vida mais leve. Compreenda que você pode ser esposa, dona de casa, empreendedora, artista... Tudo isso faz parte da sua essência, inclusive ser mãe, mas também é necessário ter em mente que não é humanamente possível dar conta de tudo, viva um dia de cada vez e favoreça o que é mais importante.

Autocuidado não é só Skincare

Toda mãe fica imensamente feliz quando consegue tomar um banho premium e ter um momento de princesa para cuidar de si mesma, e conforme mãe e bebê vão se adaptando à rotina diária, a gente vai encontrando brechas pra conseguir ter ainda mais tempo para o autocuidado. Quando meu filho era um bebê de colo, eu o colocava no carrinho ou no mini berço em frente à porta do banheiro e lavava o meu cabelo, dependendo da tolerância do Ravi eu até conseguia hidratar os fios. Não era fácil, mas eu tentava ajustar horários de necessidades básicas do meu filho com as minhas necessidades de higiene e selfcare, pra que nenhum de nós dois ficasse frustrado.

Eu também alinhava agendas e horários com o meu marido para que ele ficasse com o nosso filho enquanto eu ia ao salão de beleza no fim de semana. Algumas mães acreditam que são as únicas que sabem cuidar de seus filhos e acabam não dando espaço para que os próprios pais exerçam seu papel na vida da criança, isso gera sobrecarga e impede que tenham um tempo pra si. Mas no meu caso, eu confio no meu marido e o período que os dois passavam juntos fortificou os laços entre pai e filho.

E lembre-se, autocuidado não é só banho e skincare, pode ser uns minutinhos de meditação, fazer as unhas, realizar um exame que há muito tempo você já precisava fazer ou abandonar a louça suja na pia e ir dormir a soneca da tarde com o seu bebê. Resgate antigos hobbies e inclua ele na sua rotina aos poucos, pode ser o retorno do hábito da leitura, desenhar, escrever ou cozinhar. Tudo o que de alguma forma te faz bem e recarrega suas energias é autocuidado. 

Não se deixe esgotar para encher seu potinho de autoestima e saúde mental.

 

A demanda da maternidade pode sim minar algumas de nossas vontades, principalmente quando não se tem rede de apoio, mas lembre-se de que nada é para sempre, logo seu filho vai crescer e ele não vai precisar tanto de você quanto precisa agora. Portanto, aproveite todas as fases, nada na vida te oferece o que um ou mais filhos pode te proporcionar. E infelizmente determinadas coisas a gente só aprende ao passar por algumas experiências, mas eu espero que esse post encontre outras mulheres que talvez precisem saber que há vida depois da maternidade, e que esse texto sincero de mãe para mãe traga mais leveza e beleza à sua maternidade. 

*Neste artigo eu me refiro à "filho" englobando tanto meninos, quanto meninas, e mães de mais de um filho.