12 maio 2017

Uma Breve Análise Sobre o Filme O Sorriso de Monalisa




Mas vai falar sobre filmes de novo?! Vou, por que eu preciso compartilhar do sentimento que me tombou logo depois de assistir a esse filme. Além disso, quero aproveitar enquanto as ideias ainda estão frescas na cabeça.

O filme O Sorriso de Monalisa tem como protagonista a professora de história da arte Katherine Watson (Julia Roberts) que passa a lecionar em uma escola feminina que preza pelo conservadorismo. Na verdade a tradição é tão aplicada ás alunas que elas tem aulas de postura, como cruzar e descruzar as pernas e como agir em possíveis situações familiares. Porém, Katherine não se encaixa nesse método de aulas aplicado pela escola.

Assista ao trailer aqui.

"Podem conformar-se com o que os outros esperam de vocês... ou ser vocês mesmas."

Esse filme é um exemplo muito usado quando se fala em feminismo, mas quero deixar bem claro que não vou entrar nesse assunto, o que eu quero analisar aqui é sobre como o filme traz a reflexão de que você pode ser o que quiser

O que vemos em O Sorriso de Monalisa, não são meninas evitando o que lhes já foi destinado, mas sim, aceitando levar a vida por aquela trilha que a sociedade e a família já preparou para ela, com direito a um marido, filhos, aprender crochê, fazer artesanato com formas de silicone para sabonetes e assar bolos no fim da tarde. E não é um martírio, não são obrigadas, esse é o sonho delas, ser bela, recatada e do lar. Claro, é bom ratificar aqui, que estamos falando sobre mulheres brancas e de classe média alta.


Mas por que as alunas da professora Katherine pensavam dessa forma? Aí vem a beleza da coisa. Você já estudou as características das gerações? Pois bem, nossa sociedade muda, disso todo mundo sabe, e antes de surgir essa geração de jovens super antenados e liberais que vivem atualmente (e você pode ser um deles sem problemas) uma galera da geração Silenciosa viveu durante a Baby Boomer, essa geração a qual nasceu durante o período em que o filme se passa. 

Depois da Segunda Guerra Mundial, as pessoas sonhavam em ter uma vida estabilizada. As mulheres desejavam ter os maridos em casa, queriam uma bela casa, arrumada e bonita para receber convidados, queriam cuidar dos filhos e do marido, já estes levavam a sério oportunidades de trabalho. Então, sob o nosso olhar "moderno" seria ridículo criticar as moças que viveram no começo dos anos 1950.

A geração Silenciosa era por si só tradicional. Por isso, é natural que a escola retratada no filme tivesse tão preocupada em formar esposas e não profissionais, e como eu disse anteriormente, as alunas não fugiam disso. Mas aí chega Katherine, a professora solteira de 30 anos, formada e pós graduada, seu propósito é ver as suas alunas na faculdade, cursando qualquer coisa que não envolva uma vassoura ou um ferro de passar. 

Mas vamos aos fatos, o filme mostra a vida romântica de Katherine, ela não parece estar feliz sozinha, mas também não parece estar triste ou conformada. Ela está bem assim, mas para a década de 1950 era ultraje uma mulher na idade dela ficar só. Durante a trama ela encontra alguns amores perdidos, mas nenhum a convence. Ou seja, não há nada de errado em ser solteira, ser independente e auto suficiente. Porém, bem ao contrário dela, vemos Betty, a aluna extremamente conservadora, que foi criada para ser mãe e esposa, e esse é o sonho dela, vemos felicidade em seu rosto quando ela mostra para a amiga seu conjunto de máquinas de lavar em casa. Meu Deus, que sonho dos anos 1950! Ela quer isso, quer ser mãe e esposa, uma moça do lar. E é Betty quem pisa nos calos da Katherine.

Katherine: "Desde o seu casamento, você perdeu seis aulas, um trabalho e uma avaliação."
Betty: "Eu estava na lua de mel e ainda tinha que cuidar da casa, o que [você] esperava?"
Katherine: "Frequência."
~não vou colocar o resto do diálogo por que o barraco é bom e vocês precisam assistir.~

Temos outras alunas com seus problemas existenciais e a conhecemos melhor durante o filme, mas Joan é o ponto-chave! Na ficha escolar de Joan é colocado que ela pretende cursar direito, mas ela nem chegou a pensar nessa possibilidade, foi uma pretensão inexistente na verdade, por que ao sair da escola ela deseja se casar.

Katherine: "Diz aqui que quer fazer direito!"
Joan: "Depois que me formar, pretendo me casar."
Katherine: "E depois?"
Joan: "Depois, estarei casada."

<SPOILER DO BEM> Katherine fica indignada e decide ajudar Joan, propondo a ela que se inscreva em uma universidade. Na época, apenas cinco alunas mulheres poderiam ser aceitas na faculdade. Joan segue o conselho da professora. Aí assistindo ao filme pensamos "pelo menos uma aluna resolveu experimentar um caminho diferente", mas, Joan quer mesmo seguir carreira de mãe e esposa. Katherine repete várias vezes a Joan que ela pode fazer os dois, pode ser esposa e cursar direito, mas Joan diz uma bela verdade a Katherine "eu escolhi isso!". E tá dado o tapa na cara ~não literalmente~. </SPOILER DO BEM> Joan é a personagem que mostra que escolher ser casada e seguir a vida do lar, também não tem nada de errado. Na sua conversa com Katherine, conseguimos perceber, que em algum momento do filme a professora passou a desprezar as moças que decidem se casar.


Então qual é a lição? Se casar ou não. Cursar uma faculdade ou não e o que cursar, deve ser uma escolha exclusivamente sua. E nenhuma opção deve ser rebaixada! Você pode ser do lar, sem menosprezar as solteiras. Assim como você pode ser solteira, sem rotular as casadas. Sabe qual o nome disso? Respeito.

"Sei exatamente o que estou fazendo e isso não faz de mim menos inteligente. (...) Pra você uma dona de casa é alguém que vendeu a alma por uma elegante casa colonial. Ela não tem conteúdo, nem intelecto e muito menos interesses." - Joan para Katherine

O filme ainda traz ótimas reflexões, como a autoestima feminina. Além disso, Betty, a personagem conservadora que comentei anteriormente, acaba por nos surpreender no final do filme, ela nos ensina que é necessário se ter um conceito correto sobre o casamento, que não basta apenas se casar e achar que tudo vai dar certo, matrimônio não é garantia de felicidade. É Betty que nos questiona sobre o sorriso de Monalisa, será que Gioconda estava mesmo feliz ou apenas representando quando seu sorriso quase imperceptível foi conservado na pintura de Da Vinci?


Também, não posso deixar de dizer em como eu amei todas as questões em relação a arte que a professora Katherine traz ás suas alunas, ela contempla uma nova visão sobre o que é arte e porquê.

"O que é arte? O que faz dela boa ou ruim e quem decide?" - Katherine

Enfim, o filme se torna lindo não por ser romântico, mas por nos fazer pensar. Por levantar questionamentos sobre nossas escolhas e em como encaramos as escolhas dos outros. Espero que tenham gostado dessa análise que tem a palavra breve no título apenas para te alertar que ainda podemos extrair muitos outras interpretações desse filme, por que eu sei que o post ficou grande, mas acredito que não dá pra resumir conteúdo quando a pretensão é compartilhar ele de forma completa. 

Use e abuse do espaço de comentários para me contar se eu consegui aguçar um pouquinho da sua curiosidade com o filme, ou se você já o assistiu, o que achou de O Sorriso de Monalisa? Beijos de Leite.

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