Menos Stories, Mais Histórias: Por que Me Afastei da Vida Digital

Vivemos imersos no turbilhão da aprovação online e na eterna exposição das redes sociais, um cenário onde o verdadeiro valor da privacidade parece cada vez mais esquecido. Para mim, foi exatamente essa redescoberta que marcou o ano. Tomei a decisão de diminuir drasticamente o volume da minha presença digital e adotar um estilo de vida low profile. Foi um movimento intencional de me afastar do excesso e do barulho constante. Neste post, vou compartilhar em detalhes como foi essa jornada, o que me motivou e por que a vida offline tem se provado a minha melhor escolha.

Paz Sem Filtro: Por que eu escolhi uma vida digital mais discreta

Só consigo me lembrar da minha vida fora das redes quando eu era criança, pois no início da minha adolescência já existia o Orkut e eu era muito ativa em flogs (fotologs) de celebridades. Portanto, atualmente com trinta e dois anos eu não tinha mais uma base offline à que me apegar.

No início do ano eu ainda vivia presa ao algoritmo e estipulei uma meta bem realista de seguidores no Instagram, na época eu estava trabalhando fixamente para uma empresa, então sabia que teria menos tempo para as redes sociais. Eu só não tinha noção de que isso percorreria o ano inteiro e seria libertador.

Quando saí do emprego, eu me vi em casa sozinha, com tempo livre, e haviam inúmeras coisas que poderiam ocupar esse tempo, mas eu sentia que criar conteúdo não era uma prioridade. Meu Instagram sempre foi atualizado, às vezes diariamente, não passava quase nenhum dia sem postar stories, e de repente eu estava sem a mínima vontade de expor minha rotina. Em parte esse sentimento vinha da falta de valorização do criador de conteúdo nas plataformas, e por outro, eu só queria viver sem me sentir obrigada a postar e documentar tudo o que envolvia minha vida. Não foi algo que decidi com determinação, mas acredito que esse distanciamento digital foi progressivo e sem nenhum tipo de cobrança.

Recentemente o perfil @quebrandootabu chamou atenção para um artigo do escritor Kyle Chayka que saiu na The New Yorker onde ele diz que "podemos estar caminhando para o que ele chama de postagem zero, um ponto em que as pessoas comuns não vão mais postar, porque percebem que não faz mais sentido compartilhar suas vidas online", já que a maior parte das redes sociais atualmente foca em perfis profissionais e vive de publicidade. Já em 2024, 33% dos usuários postaram menos em suas redes favoritas comparado ao ano anterior, ou seja, eu não sou a única que vem optando por uma skin low profile.

O que realmente acontece quando você diminui a exposição digital e vive mais no offline?

Eu não saí das redes, mas reduzi drasticamente a frequência de postagens, parei de me preocupar com hashtags, engajamento e melhores horários para postar.

Eu consegui viver a vida em off de maneira plena, tanto que acabei notando que parei de tirar fotos e fazer vídeos com a mesma frequência de antes. O que era pra compartilhar e devia ser Instagramavel, hoje é pra usufruir e apreciar o momento. Finalmente senti que estava cumprindo tarefas importantes e dando atenção às pessoas.

O maior benefício foi a paz de espírito. Não existe mais a pressão de ter que agradar ou justificar minhas escolhas. Minha vida se tornou mais rica porque estou vivendo-a por mim, e não pela audiência. As experiências se tornaram mais significativas porque são minhas, e não me interessa a aprovação por meio de números de vaidade, likes ou compartilhamentos.

Adotar o estilo low profile não é uma fuga, mas uma escolha de prioridade. É entender que sua energia e atenção são recursos limitados e preciosos.

Se você se sente esgotado(a) pela performance digital, meu conselho é: comece pequeno. Silencie as notificações. Deixe de seguir quem não te inspira. Permita-se viver um momento sem a necessidade de gravar.

Você descobrirá que a vida real, a que acontece fora da tela, é muito mais colorida do que qualquer filtro de Instagram.